sábado, 3 de novembro de 2007

A arte de morar no centro do Rio de Janeiro

Todos os dias, a estudante Sofia Monti atravessa a pé a praça Vigílio de melo Franco e, em menos de um quarteirão, está no burburinho da movimentada esquina da Avenida Antônio Carlos com Presidente Wilson. Aluna do curso de Ciências Sociais no IFCS, no Largo de São Francisco, ela gosta de poder caminhar para a faculdade, privilégio que poucos dos seus colegas têm. Mas a maior vantagem de Sofia, moradora de um apartamento de fundos no número 242 da Avenida Beira Mar, é o silêncio. De noite e fins de semana, por haver pouco movimento, o silêncio impera nas ruas desertas deste bairro sempre tão cheio de gente. Porém, a falta de movimento faz com que Sofia só volte para casa com o dia claro. “Quando era mais nova tinha medo e só andava de táxi. Hoje em dia pego ônibus tranqüila, mas só volto para casa quando amanhece, até porque as ruas ficam completamente desertas.”

Um bairro predominantemente comercial, o Centro é o 31º na lista dos bairros mais populosos do Rio, com 39.135 moradores distribuídos em 16.844 domicílios. Em sua maioria apartamentos com apenas um morador, segundo dados do ano 2000 do IPP.

As vantagens e desvantagens de morar há 13 anos no Castelo quem explica é a própria estudante:

- Me sinto perto de tudo, médicos, lojas de roupa, restaurantes de todos os tipos e preços...A principal desvantagem é a falta de supermercados perto. Existem até pequenos mercados, mas que fecham nos fins de semana, então geralmente fazemos compras no Flamengo ou Largo do Machado.
Uma das maiores vantagens pra mim é a facilidade de transporte, ando principalmente de ônibus, e não faltam opções, tanto para a zona sul quanto pra zona norte. Em 20 minutos chego na Tijuca, mesmo tempo que levo até Copacabana. Além disso, moro muito perto da minha faculdade e meus pais em cinco minutos andando estão no trabalho (consulado da Itália).

Antônio Carlos mora há alguns meses no bairro e não sabe definir se mora em Gamboa ou no Santo Cristo, só sabe que é no Centro. Sobre morar em um bairro predominantemente comercial, ele comenta:


- Bem, realmente é "estranho" para quem sempre morou em lugares residenciais, mas não é de todo ruim. Sem contar que (pelo menos aqui no Rio de Janeiro), existem muitos prédios mistos (ou seja, residencial e comercial), existem também casas, apartamentos e vilas (de casas). Vejo isso com naturalidade, normal até eu diria.

Servido por mais de 130 linhas de ônibus, sete estações de metrô e uma de trem, a facilidade de transporte é uma das principais vantagens do Centro. O analista de sistemas gosta de aproveitar tanta oferta e estar perto de tudo: “Seja para a Zona Sul, Zona Norte, Leste e até mesmo para a Baixada Fluminense, sempre tem condução para estes lugares”.

Sofia comenta sobre o estranhamento das pessoas ao contar que mora no Centro.

- Não diria preconceito, mas a reação das pessoas quando digo onde moro é sempre de surpresa. E sempre fazem comentários ‘nossa, não sabia que existiam prédio residenciais lá’. Ah, tenho também amigas que tem medo de vir aqui por julgarem muito perigoso. Eu compreendo, mas moro aqui há 13 anos e já fui assaltada três vezes e meu irmão cinco, todas na Zona Sul, nenhuma aqui.

2 comentários:

Ugo Medeiros disse...

tudo a ver com geografia urbana... Na proxima vez fala com os professores da PUC... ótima matéria, novamente.

Luiz Antônio Navarro disse...

muito interessante este texto. estou pensando em morar num lugar pra lá de inusitado: o saara.

será que dá??