quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Labirinto comercial

Bairro fundamentalmente comercial, no centro é possível encontrar todo tipo de produto e serviço. Porem se a questão é achar o menor preço, o Camelódromo da Rua Uruguaiana tem muito a oferecer para quem sabe procurar, e principalmente, pechinchar.

Inaugurado há 13 anos, ele é formado por quatro quadras (A, B, C e D), na esquina da Avenida Presidente Vargas com a Rua Uruguaiana, tomando ainda as ruas Senhor dos Passos, Buenos Aires e a do Rosário. Com uma área de três mil metros quadrados, o mercado é composto de 1.600 boxes, criando um labirinto de muito barulho, sujeira e um fluxo enorme de pessoas.

No mercado, que funciona das 8:00 ás 19:00, os camelôs estimam que 15mil consumidores venham diariamente as suas barracas, procurando produtos que variam entre vestuário, eletroeletrônicos, alimentação, mobiliários e muitos outros.

Homens , mulheres, jovens e adultos, passam pelos corredores estreitos comprando toda sorte de bugigangas, além do número crescente de turistas que vão ao mercado buscando suvenires, tornando a Uruguaiana, como é conhecido o Camelódromo, em um lugar turístico igual à feira do Lavradio, também no centro, e o Mercado de São Cristóvão.

O Camelódromo é conhecido como a Meca da pirataria no Rio de Janeiro, assim sendo um dos principais pontos de venda de produtos contrabandeados, roubados e falsificados. Só em agosto deste ano foram apreendidos, na Uruguaiana, 36 mil dvds e cds piratas, além de 75 celulares, 38 recarregadores de bateria e dois computadores que desbloqueavam aparelhos celulares.

Isso acontece principalmente porque a Coordenadoria de Fiscalização e Licenciamento da prefeitura não possui o registro de pelo menos 400 das 1600 barracas que compõe o mercado da Uruguaiana. Em março do ano passado, o presidente da Associação de Vendedores do Camelódromo da Uruguaiana foi preso por contrabando e pirataria, além de ser acusado por alguns feirantes de estimular a venda de produtos piratas.

Originalmente o Camelódromo foi criado para controlar a quantidade de vendedores ambulantes nessa área da cidade, porem com o crescente número de produtos piratas sendo vendidos, a prefeitura já considera, desde 2003, o fechamento desse símbolo do centro do Rio.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

"Seja marginal, seja herói"

“A Tropicália pode ser descrita como um diálogo interdisciplinar que forneceu um modelo para a compreensão de como a arte e cultura podem moldar a identidade nacional numa sociedade multicultural e em desenvolvimento.” Assim começa o texto que descreve a exposição “Tropicália – uma revolução na cultura brasileira”, em cartaz até 30 de setembro no MAM. No mesmo lugar onde, há 40 anos, aconteceu a mostra Nova Objetividade Brasileira, quando Hélio Oiticica expôs a instalação que batizou aquele movimento cultural de Tropicália.

Divida em áreas, cada seção corresponde a um campo explorado no universo tropicalista: arquitetura, teatro e artes visuais. No primeiro andar, o visitante encontra uma grande piscina de bolas, aberta ao público, primeiro sinal de que esta não é uma exposição comum. Instalações diversas e obras interativas possibilitam a experiência de novas sensações, a percepção do movimento, a sensação, literalmente na pele, de um dos conceitos da Tropicália: a quebra de padrões.

Em destaque há a obra de Hélio Oiticica, na qual os visitantes tiram o sapato e passam por um caminho feito de pedrinhas que leva a diversos espaços com areia, água, espumas, grama, tudo isso para experimentar diversas sensações. Muitos recuam diante do convite para caminhar sobre os livros. Mais adiante, uma reprodução de um “barraco” de favela, com espaço que cabe apenas uma pessoa e uma TV em preto e branco que exibia o programa “Qual é a música”, com Silvio Santos.

Em um segundo ambiente, está a instalação “A casa e o corpo” de Lygia Clark, entre outras da artista. Movido pela curiosidade, o visitante é convidado a entrar em um ambiente escuro para descobrir o que há lá dentro. Porém, o que mais chama atenção nesta parte é a obra de Rubens Gerchman, letras quase do tamanho de uma pessoa que formam a palavra LUTE, instalação em sintonia com a frase de Oiticica que se transformou no slogan do movimento: “Seja marginal, seja herói”

A socióloga Branca Oliveira fala da importância da exposição:
- Acho importante para resgatar a memória de uma arte que marcou época – a arte sensorial. É uma arte primitiva no quesito das sensações que hoje não são comuns, não lembrava há quanto tempo não pisava na terra. A estética das roupas dos anos 60 é um máximo, mostra que dos 80 pra cá pouca coisa foi inventada, no máximo as modas se repetem. A exposição em si é uma quebra de padrões, pois rompe com o estereotipo de que exposição é uma coisa chata, com a qual não se pode interagir. É pequena, mas para quem não pegou essa época, dá uma idéia do que foi a Tropicália.

Além das artes visuais há também a música. Televisões ficam reproduzindo trechos dos famosos Festivais da Canção, entrevistas e shows que marcaram época. O único problema é que não há fones de ouvido, portanto há uma certa interferência dos sons dos outros vídeos. Mas nada que atrapalhe a experiência de (re)viver algo novo, diferente.



Exposição "Tropicália - Uma Revolução na Cultura Brasileira"
Período: 08 de agosto a 30 de setembro de 2007
Horários: terça a sexta-feira, de 12h às 18h; sábado, domingo e feriado, de 12h às 19h
Local: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro Endereço: Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo - Rio de Janeiro

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Rio meu, Rio Minho

A chegada da Família Real no Rio de Janeiro, em 1808, mudou a cara da cidade. Em ruas do centro do Rio que tinham menor importância começaram a ser abertos comércios de todos os tipos, transformando-as em um pequeno centro mercantil e cultural do bairro.

Uma dessas ruas foi a Rua do Ouvidor. Hoje considerada uma das principais artérias no centro da cidade, no passado ela apenas era um ponto de ligação com o porto, porém com a chegada de Dom João VI ao Rio, tudo mudou.

Estrangeiros começaram a abrir lojas ali, vendendo artigos de luxo como livros, perfumes e tecidos. Cafés, casas de chás e restaurantes atraiam escritores e políticos para essa rua, que acabou virando símbolo da intelectualidade carioca no séc XIX.

O restaurante “Rio Minho”, considerado um dos mais antigos no Estado, mantém essa memória viva. No número 10 da Rua do Ouvidor, esse patrimônio histórico e gastronômico do Centro do Rio existe lá desde 1884, sendo fundado por dois portugueses.

Além disso ele foi palco da criação de um dos mais conhecidos pratos na culinária carioca, a sopa Leão Veloso. Criada pelo embaixador de mesmo nome, essa sopa até hoje mantém sua receita original, que foi inspirada na bouillabaisse francesa.

Especializado em frutos do mar, o Rio Minho teve personagens ilustres que freqüentavam assiduamente o restaurante, como por exemplo o Barão do Rio Branco, que hoje recebe a homenagem e tem seu busto em cima de um armário no restaurante.

Esse pedaço de história no meio do Centro do Rio prova que as mudanças provocadas pela Família Real ainda resistem, após décadas de tantas outras mudanças.